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Maratona de Curitiba- A primeira de Eduardo

23 nov

Eduardo Favila, que também passou o ano de 2011 se preparando para sua primeira maratona, deixou seu depoimento sobre os perrengues nos longões e a satisfação de concluir a prova.

Parabéééns!

 

Correr uma Maratona é fantástico.
A priori, pode até parecer loucura. Abdiquei de baladas, álcool, dormi pouco. Quantas vezes eu acordei 3 ou, 4 da madrugada para correr cedo. E ir dormir às 19 ou 20 horas para acordar cedo?

E os longões de 30km? Pareciam infinitos, mas valeram a pena.
Nada, todavia, vem sem esforço e renúncias.

Até assaltado eu fui, logo no começo de um longão de 30km, quando os vagabundos levaram meu GPS e meus carboidratos. Mas o Manuel, o coelho, não deixou eu desistir. No km23 eu tive hipoglicemia, quebrei, pensei em desistir, pensei na passagem comprada, na inscrição feita, no hotel então reservado, em meu avô, mas comi trocentas bananas e fui até o final, morto, mas fui. Valeu Manoel.

Mas tudo dá certo. Meu primo mandou um GPS novo dos EUA por meu tio (valeu Luiz Carlos), em SP, que mandou para Curitiba e chegou na véspera da corrida.

A Maratona de Curitiba foi hard. A cidade é perfeita, limpa, barata e as pessoas, educadas, a despeito da fama de “metidas”. Mas o percurso tem muitas, muitas, muitas subidas. Não são uma, três, cinco… é o tempo inteiro subindo e, por óbvio, descendo. E se engana quem acha que descida é fácil… se você não segurar, ferra o joelho. Não a recomendo, todavia, para ser a primeira maratona. Fui porque tinha que fazer isso mesmo.

Tudo correu bem. Larguei com 9 graus e terminei com uns 19. O vento frio era f…. mas antes isso que um calor de 30, 35 graus (em Recife e Belém, nos treinos). No começo, como todo mundo estava usando frequencímetro, o monitor cardíaco não acho a minha frequência e corri uns km sem saber como eu estava. Até que eu consegui configurar o Garmin quando consegui ficar “sozinho” em uma subida. E olha que configurar isso correndo é difícil! Isso foi no 5km… ou menos, e ainda faltavam 37km.

Não andei e nem parei. Hora nenhuma. Só mijei duas vezes porque senão acabaria mijando nas calças. Só cansei no km39,5 depois que subi uma ladeira acelerado demais.

Correr uma maratona é algo fantástico. Recomendo. Não é impossível. Basta querer, como tudo na vida.

Você faz amigos, flerta, conversa, ultrapassa e é ultrapassado pela mesma pessoa várias vezes, ajuda e é ajudado, seu nome é gritado (está escrito no número) por pessoas que você nunca viu e nunca mais verá!

Obrigado ao Paulo, meu treinador, pelas planilhas, pelas diversas dicas e por me fazer entender que a frequência cardíaca é importante.
Ao Manuel, meu coelho, pelos longões e por ter me feito não desistir quando fomos assaltados no km1 do longão de 30km e quando quebrei, no km23.
À Letícia, por ter me dado todo o apoio, irrestrito, lá em Curitiba.
À Débora, minha nutricionista, pelas dietas e dicas, especialmente o BCAA.
Ao pessoal da SportWay, pela companhia nos sábados.
À minha mãe, por ter me chamado de doido e etc.
E ao meu avô, a quem dedico tudo isso.

Àqueles que duvidaram que eu conseguiria, sinto muito, consegui e com sobra.

A dor é passageira, a glória, não.

 

 

M A R A T O N I S T A

7 out

Alívio.

Esse pode não ser o sentimento mais nobre, heróico ou poético para se sentir ao final de uma maratona, mas foi o alívio que tomou conta do meu corpo ao passar pelo Portão de Brandenburgo. A tensão gerada pela disciplina exigida na época dos treinos longos e o nervosismo de uma estreia me levaram a tal grau de preocupação, que tudo o que eu queria era me ver livre dessa tarefa.

Cruzar a linha de chegada era sinônimo de descanso, batata-frita, aulas de ballet e sábados de skate. Todos os sacrifícios que fiz teriam ali a sua gloriosa justificativa. Finalmente poderia voltar a minha rotina multitarefa e improvisada. Finalmente, alívio.

Dor

Dói. Correr 42 Km dói. Não importa seu pace, sua idade ou seu treinamento, alguma hora o corpo reclama. Comecei a sentir dor no km 30. Antes disso, já estava sentindo os músculos cansados e um certo desconforto no joelho esquerdo. Tudo bastante tolerável até chegarem as dores nos pés. Dor, essa inédita, que me deixou preocupada pois não conhecia nenhuma estratégia de compensação ou recuperação para amenizá-la. O que fazer quando as solas dos seus 2 pés começam a doer? Sentar, deitar, dar cambalhotas, engatinhar? Nenhuma dessas opções era viável no momento. Tentei caminhar por volta do Km35, mas a dor, que durante os 7 passos que consegui dar, se não permaneceu a mesma, piorou. A solução era continuar a correr (que a essa altura já era um trote leve). Já que era para sentir dor, melhor correr para chegar mais rápido.

“A dor é passageira, a glória é para sempre.” Murmurei esta frase algumas vezes nos quilômetros finais. Lembrei de meus amigos de equipe me acompanhando durante os treinos, sempre dispostos a ouvir minhas reclamações e me incentivar com palavras de carinho, de admiração e também com alguns berros e palavrões. Eu, que a esta hora já estava sozinha pois a Marcela ficou para trás no km 28 devido a uma forte dor no quadril ( e mesmo assim completou a prova. CAVEIRA!), só precisava seguir em frente. Sem olhar para o relógio, para a quilometragem, ou para a multidão de pessoas desoladas que precisaram trocar a corrida pela caminhada.Só ir em frente.

Foi nessa hora que a música me fez companhia. Antes de viajar, pedi para que amigos me mandassem sugestões de músicas para colocar na minha playlist da prova. As músicas serviram para sentir a energia positiva dos amigos (muitos acordaram de madrugada para assistir a prova. LINDOS!) e também para me distrair. Qualquer coisa que tirasse a minha mente da dor era válida, fosse ela um banho de mangueira (estava muito calor),  uma música animada ou tentar lembrar as medidas da receita de petit gateau.

Glória

Correr uma maratona é para poucos. Não digo isso querendo me mostrar melhor do que ninguém, acho que fisicamente, qualquer pessoa está apta a participar de uma prova dessas, mas ter a garra e a disciplina para se preparar e para enfrentar os 42.195 Km é algo bastante difícil.

Amei cruzar a linha de chegada. Amei receber as congratulações e homenagens dos amigos. Amei mostrar a minha medalha para todo mundo que conheço. Amei saber que eu sou capaz de me preparar física e psicologicamente para encarar um desafio.  Agora eu me sinto muito mais forte e madura. Chega de inventar desculpas e colocar empecilhos. Agora eu sei que com foco e disciplina eu consigo alcançar meus objetivos e ISSO, meu querido… Ah, ISSO é para poucos.